terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cantão e Carminha - O AdEvogado

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Cantão e Carminha – O AdEvogado


Cantão: Olha lá, Carminha! Olha quem vem vindo!

Carminha: Mas é o filho da cunhada da irmã do Jair, não é?

Cantão: Ele mesmo!

Filho da cunhada da irmã do Jair: Oi, Seu Cantão... Dona Carminha! Tudo bem com vocês?

Cantão: Estamos bem. E você, o que tem feito?

Filho da cunhada da irmã do Jair: Ah, eu prestei o exame e agora sou adEvogado. Em breve, vou trabalhar na Comissão de Direitos Humanos da OAB.

Carminha: Ah, mas que legal! E o que você faz lá?

Filho da cunhada da irmã do Jair: Bom, ainda estou em treinamento, mas gostando muito. Faço uns cursos bem legais, como "Demagogia Avançada", "Como vitimizar ainda mais um coitadinho (módulos I, II e III)", "Técnicas de como parecer convincente na TV"... essas coisas.

Carminha: Ah, que legal. O Cantão sempre quis advogar, mas nunca conseguiu.

Filho da cunhada da irmã do Jair: Sério? Por que desistiu, Seu Cantão?

Cantão: Ah, eu me desiludi... ter que ficar caçando cliente na porta da cadeia era deprimente. Falando nisso, onde é seu ponto?

Filho da cunhada da irmã do Jair: Er... mas mudando de assunto, vocês não tem nenhuma pendência jurídica que queiram resolver? Ninguém para processar? Meu professor, Doutor Honorium Causa Data Venium, sempre diz: "Sempre podemos ganhar dinheiro às custas de outrem". Lindo isso.

Carminha: É... já que você mencionou, o Cantão andou trabalhando pra um safado aí...

Cantão: Não se meta, Carminha! Eu conto: eu andei trabalhando pra um safado aí, e ele não me pagou. Sabe como tenho que proceder?

Filho da cunhada da irmã do Jair: Fácil. Como o senhor é meu amigo, não vou cobrar nada, a não ser os custos administrativos do processo.

Cantão: Legal... quanto fica?

Filho da cunhada da irmã do Jair: Ah. Para dar entrada no processo, R$1000,00. Depois, para eu poder me locomover às audiências, mais R$580,00, pois vou de táxi. Imagina, eu, um dotô, andando de busão. Em seguinda, tem fotocópias, encadernação, alimentação... chuto alto mais uns R$400,00. Olha... com menos de 2 mil reais, inicio o caso pro senhor.


Cantão
: O QUÊ? Com 2 mil, eu compro UM JUIZ! Ainda mais que, tendo acabado as eleições, o preço do suborno deve ter abaixado bastante!

Carminha: É mais fácil o Cantão encher o safado lá de pancadas. A indenização deve sair mais em conta, rárárá!

Cantão: Sim, sim. Fora o caso de se poder meter a mão na cara daquele safado. Isso não tem preço.

Filho da cunhada da irmã do Jair: Seu Cantão, não diga isso... eu tento fazer tudo dentro da legalidade, da moralidade, da ética, da impessoalidade e da transparência.

Carminha: Com esse seu preço, é mais fácil ser ilegal, imoral, antiético, pessoal e opaco!

Filho da cunhada da irmã do Jair: Tá bom. Fechamos por R$1000,00, então? É o mais baixo que posso fazer.

Cantão: Não, não, não. Minha proposta: te pago um sanduba com refri lá no bar do Zé, e você me ajuda a encher o safado de pancadas.

Filho da cunhada da irmã do Jair: Sinto-me ofendido, data venia. Nem sei o que meu professor, Meu professor, Doutor Honorium Causa Data Venium, diria numa situação dessas. Um minuto, meu celular está tocando.

Professor Doutor Honorium Causa Data Venium: bláblábláblá... BLÁ! Cócorócocó...

Filho da cunhada da irmã do Jair: Fechado, seu Cantão. Quando começamos?


- Darini

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